Devoluções em círculos perfeitos.

Uma adolescente sombria. Esta á a minha conclusão do rever parte dos artistas que comecei a ouvir em torno dos treze/catorze anos. A Perfect Circle é um deles. Assistindo ao extinto Top 10 Eua, no antigo canal de tv paga, MTv Brasil (porque o canal atual não é sombra de MTv), descobri a maravilha chamada Judith. Somente ao assitir o clipe, ansiosa em todo santo sábado a tarde, não sabia o que ainda estava por vir. Resolvi então olhar a letra da música. [explosão!] Um susto! É anticristo, mas não era ofensa a minha fé - que era bem católica na época - mas sim fazer pensar. Entrei numa crise de pecado (!) e paixão. Ao mesmo tempo que não conseguia não desligar a tv e não achar lindo aquele careca gritar "fuck your God!", pensava no outro lado da história - da minha, no caso. Although, a paixão pelas trevas falou mais alto. "Never tasted the fruit? (...) Never thought to question why?!" Linda linda linda. Ainda com internet precária (discada) e usando o precursor, querido e polêmico compartilhador de arquivos Napster, baixei o próximo single do Mer de Noms (2000), o menos barulhento e mais doce aos ouvidos, 3 libras. Ainda mais encantador. Jogar o óbvio nas fuças de quem se ama e ainda assim não ser enxergado. Ó, estão escrevendo e musicando sobre mim, mais uma vez. Doce, odioso e pulsante, junto ao desritmado coração.

Um ano depois, na minha capitalista viagem à Disney em comemoração dos "dourados" quinze anos, nada de gastar my sweety dollars com ursinhos de pelúcia e moletons do Mickey (embora disso eu me arrependa). Como uma adolescente rebelde que se preze, gastei quase tudo em CD´s. Incluindo o Mer de Noms. Anteriormente eu só havia os mp3 de Judith e 3 libras, então, ouvir o resto do cd era urgente! A voz de Maynard é plena, de cima a baixo, de frente pra trás. Leva-me ao limbo, ao escuro, ao sujo, a dor e a beleza das trevas. Lembra ainda o meu príncipe (que brega, mas ele é, tá?) Trent Raznor, mas afinal de contas, trabalharam juntos. Destaque para o uso brilhante de figuras animalescas, nomes bíblicos, paixões doentias, referências inúmeras ao anjo decaído e sexo exalante.

Em 2003, lançam o Thirteen Step. Deste, farei comentário sobre duas músicas em especial. Pet e The Package.

Pet. Guitarras fortes, altas. Batendo os pés no chão. Marchas? Bem marcadas. Leves xingamentos ao pé do ouvido. Como adoro! Como ainda me surpreende! Começa gentil, arrastando-se, quase implorando pra entrar, mas protege-me. "Stay away from the window". Olha, ele está avisando... Mas não dá vontade de obedecer, só de aproximar-se cada vez mais. E mais... "Go back to sleeeepppp...". Suspiros. Jesus! Opa, Jesus não!!! [...] Suspire mais perto, ainda não sinto sua respiração ofegando. Guitarras crescentes, penetrando, sem pedir permissão alguma. Stay with me, safe and ignorant. Claro que fico, sweety, claro...

Outra delícia, outra companheira de ônibus nas voltas pra casa. Meu casulo, minha proteção. Sob batidas de tambores e baterias estranhas, mas, de alguma forma, bem familiares ao corpo que se entrega sem frescura, sem ver o abismo. The Package é uma hstória de rancor. Entro, cheia de marcas e cansada de ser torturada através das cutucadas de feridas. Resolvo então, dar um fim. O trágico e delicioso fim. "Lie to get what I came for". Só dê-me o que eu pedi, e depois, prometo. Prometo sair por essa porta e jamais olhar pra trás. E grito, entre dentes: "GIVE THIS TO ME!". Parece enforcar-me, torturar-me ainda mais. Vejo grandes e lacrimejantes olhos, mas eles me furtam a direção. Desculpem se estou assustando. Mas é lindo como uma sombria sinfonia. Teatral. O bumbo, o bumbo me chama! Ojeriza a mentiras. Mas. Tornou-se o único caminho, para mim e para o doce James. Vem querido, danço-lhe ao toque dos teus tambores.


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Letras!


p.s. Please gente, sem ficar com medo de mim!
p.s. 2 O clipe de Pet adicionado aqui é tosquinho, mas é legal!
;)