Devolve meus laços, meu amor.

Ao assistir "Não por acaso", criei um laço de afeto além do filme. Sua trilha sonora é envolvente. Espantou-me muito, porém, que ao procurar informações sobre a soundtrack, deparar-me com tantas críticas negativas. Uma surpresa, sem dúvidas.

A trilha, por aqui, trata-se de uma sequência musical intensa, ora de músicas mais arrastadas, ora de canções mais ritmadas, encaixando-se perfeitamente nas batidas do coração que acompanha o enredo "espera-surpresa" o qual o longa é baseado. Aqui, o suposto controle tema do filme é esquecido, pois a sonoridade escapa. E escapa bonito.

O cd reparte-se em duas partes: uma é a trilha sonora original, criada pelo Ed Côrtes e a outra é composta por três faixas já existentes pré-filme, sendo estas também, as três únicas letradas. A parte instrumental é recheada de músicas sombrias, de espera, de desespero, que mostram onde as personagens identificam-se com a sonoridade. Angustiados, têm a música como sua companheira.

Um detalhe bacana é que, apesar do filme ser habituado em São Paulo - SP, pelas canções, poderia muito bem ser pensado como se tivesse sido rodado no Rio de Janeiro. Sambinhas miudinhos e as canções de amor "Sonhando" e "Só deixo meu coração", das cariocas Céu e Kátia B, têm a cara da cidade maravilhosa. Uma ponte aérea interessante de se pensar, e uma jogada boa, mesmo. Apesar disso, tem-se também o toque cinza de Sampa com a melancolia dos protagonistas. Combinação ótima!

Destaque para a versão de Nazi (vocalista do IRA!) para a lindíssima "Laços", originalmente da banda portuguesa Toranja. O sotaque lusitano faz falta, sem dúvidas. Mas a tentativa brasileira vale a pena de ser ouvida, e, é bem casada com a cena.

A minha surpresa maior é ainda entender o porque de tantas críticas. Dizem por aí que as música não se encaixam ao filme, que a escolha foi mal feita, que a "carga dramática" pesa o filme, que é estridente, estranha, até mesmo "bijouteria" quando comparada à jóia que é o filme. Por aqui, senti a trilha como doce, forte e nada enjoativa, como disseram chatinhos críticos de cinema. Vai ver é pelo costume de gostar de coisas intensas, carregadas de drama. Afinal, desde os gregos, já se sabe que exaltar-se é parte importante da vida. Pra mim, imprescindível. Para mim, valeu a pena.



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